Brasília

Ministros do PMDB se reuniram na noite de terça-feira (29) na casa do senador Renan Calheiros (PMDB-LA), presidente do Senado, e decidiram permanecer no governo.

Foi o recado que levaram na quarta-feira à presidente Dilma Rousseff. Mas, decidida a reformular sua equipe e dar mais espaço a outros partidos aliados, ela ainda não revelou quais cederão suas pastas e quais poderão continuar no cargo.

Em sua conta nas redes sociais, a ministra Kátia Abreu, da Agricultura, postou: "Continuaremos no governo e no PMDB. Ao lado do Brasil, no enfrentamento da crise". E, em seguida, completou: "Deixamos a Presidente à vontade, caso ela necessite de espaço para recompor sua base".


É esta a situação do momento: a presidente está conversando com outros partidos aliados.

No Palácio do Planalto, a surpresa com a saída do PMDB da base do governo deu lugar a uma expectativa diante da perspectiva de a presidente remontar sua base, dividindo cargos (nas contas do Planalto em torno de 700) entre outros partidos.


Está sendo lembrado por lá que, em 2009, o PMDB de Geddel Vieira Lima deixou o governo Jacques Wagner, provocando na época grande ebulição. Então governador, Jacques ampliou o espaço de outros partidos, reorganizou o governo e conseguiu se reeleger no ano seguinte. 

Agora, a expectativa é a de que, sem o PMDB, Dilma consiga reproduzir o que se deu na Bahia, conquistando mais apoio dos outros partidos aliados.
 
A presidente Dilma já começou a conversar com os dirigentes de PP, PR e PSD e deles ouviu a promessa de oferecer maior fidelidade ao governo, em particular na votação do processo de impeachment, caso obtenham mais espaço no governo.


O PP quer o Ministério da Saúde;  o PR, a Secretaria de Portos, e o PSD quer comandar o Ministério do Esporte, que ficou vago nesta quarta (30) com a formalização da saída do ministro George Hilton.

O governo está fazendo cálculos de votos que pode conquistar até garantir um mínimo de 172 votos para barrar o impeachment. A partir daí é que a presidente vai reformular a composição do ministério.


O governo fala em "repactuação"das forças que o apóiam, mas o que se trata é da oferta de cargos importantes para atrair o apoio desses partidos, o conhecido toma-lá-dá-cá.

O objetivo é ampliar a margem de votos nestes três partidos que decidiram atuar em bloco, para substituir  PMDB da base do governo. O PMDB tem 69 votos na Câmara, enquanto os três juntos (PP, PR e PSD) somam 129 votos  e, ainda, com defecções, assegurariam pelo menos entre 80 e 90 votos.

Cristina Lôbo