segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Flávio Dino. Desafios no governo do Maranhão


Artigo: Muros da intolerância, pontes de solidariedade

Governador Flávio Dino
Por Flávio Dino
Todos estamos destinados a viver em sociedade, compartilhando os mesmos bens que a natureza nos oferece. E também comungando os mesmos desafios humanos: doenças, desemprego, desigualdade, injustiças. Portanto, temos o dever de encontrar soluções coletivas que melhorem o nível de vida de todos, garantindo um futuro de mais oportunidades a nós mesmos e às gerações futuras.
No entanto, vivemos um momento da história em que alguns falsos profetas vendem a possibilidade de saídas individualistas. Soluções que contemplem apenas parte da sociedade apta a ‘se virar sozinha’, deixando à míngua a imensa maioria da sociedade, que não tem o mesmo ponto de partida em oportunidades. São profetas que semeiam em meio a um momento de desilusão da sociedade. Desânimo justificado pela imensidão de desafios coletivos que ainda temos a enfrentar. No entanto, essa pregação não busca nenhuma verdadeira salvação para todos. Apenas quer solidificar seus castelos de prosperidade, jardins cercados que isolam a maioria da sociedade para fora de muros. Esses aventureiros sempre existiram na história, mas nunca com resultados exitosos. E ao longo dos tempos já vestiram várias roupas: o ditador carismático; o gestor técnico; o antipolítico; o soldado da lei; entre outros disfarces que os defensores de privilégios costumam usar.
O Papa Francisco esta semana nos lembrou que, “em momentos de crise, o discernimento não funciona”. E buscamos “um salvador que nos devolva a identidade e defenda-nos com arames farpados”. Penso nessas palavras do Santo Padre quando vejo a notícia do absurdo projeto de construção de um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México. Como se isolando uns cidadãos de outros, a vida destes pudesse prosperar mais. Ideia em consonância com a recente saída do Reino Unido da União Europeia, que mostra um certo espírito de época, com o crescimento aqui e ali de posições de cunho fascista.
No Brasil, não é diferente e também vivemos um momento semelhante. As instituições estão com sua credibilidade destroçada, enquanto empresas e empregos desaparecem, a fim de atender altos interesses econômicos. Vemos uma minoria que pensa ser possível evoluirmos sem um debate democrático sobre nosso futuro. E convivemos com ´especialistas´ que acham que o Brasil pode resolver a grave crise econômica que vive com um ‘salve-se quem puder’, deixando à própria sorte milhões de brasileiros. Tudo isso tem alimentado ódio, muito ódio, que grita nas caixas de comentários de sites ou nas redes sociais.
Felizmente, essas pulsões autoritárias e egoístas têm sido efêmeras. Perseveraram na história da Humanidade os grandes avanços sociais de períodos em que se apostou na solidariedade. É o caso da Era de Ouro do pós-guerra, em que foram criados e multiplicados muitos instrumentos sociais de solidariedade existentes hoje, como a Previdência Social e os sistemas públicos de saúde. Não tenho dúvida de que o Brasil vai reencontrar seu caminho de desenvolvimento e paz. E no Maranhão seguimos a nossa luta com muita fé e otimismo, pois os resultados aí estão. Adultos sendo alfabetizados; crianças e jovens estudando em escolas melhores e recebendo material escolar via Bolsa Escola; restaurantes populares sendo abertos; mais portas se abrindo na saúde; agricultores familiares recebendo inédito apoio, entre tantas conquistas derivadas de uma firme e autêntica opção pela Justiça Social. Por isso, tenho convicção de que vamos atravessar esses tempos sombrios no planeta. Servirão para tornar mais profundo na memória coletiva o valor milenar do humanismo.
Lembro novamente do Papa Francisco alertando sobre os falsos profetas que, “diante da necessidade da multidão”, pregam “o cada um por si”. O papa lembra que o princípio cristão, como o de outras religiões, é o da solidariedade. Tanto que um dos últimos ensinamentos de Jesus, na Santa Ceia, foi “Fazei isto em memória de mim” (Coríntios 11:24). Indicando que a melhor forma de vivenciá-Lo é comungar, partilhar, solidarizar-se.

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